Zoe Saldana: "o que o Brasil tá fazendo é totalmente racista e sexista" | JUDAO.com.br

Uhura mal conseguiu voltar a usar simples mangas compridas em Star Trek: Sem Fronteiras, mas só o fez por ter se posicionado. E é exatamente o que ela acredita que os Brasileiros devem fazer nesse momento.

Pela primeira vez desde a ditadura militar, que assumiu o governo do Brasil depois de um golpe de estado no início dos anos 60, um ministério foi escalado sem nenhuma mulher — justamente um ministério interino, formado a partir do afastamento da primeira mulher Presidente do país. Não há, também, negros.

A desculpa da competência funciona pra alguns, mas é bastante temerário perceber que a simples ideia de pensamentos e experiências diferentes, necessária pra qualquer boa conversa, imagina então pra governar um país, é absolutamente ignorada — o que a cultura pop tem, dia após dias, provado que é o mais correto a ser feito.

Numa conversa com o JUDÃO sobre Star Trek: Sem Fronteiras e toda a importância política que a cultura pop tem, Zoe Saldana, a Uhura, não poupou palavras ao comentar o nosso ministério interino. “O que o Brasil tá fazendo com esses ministros é totalmente racista e sexista” afirmou, num tom quase pedindo desculpas, meio “mas é verdade, miga”.

Star Trek: Sem Fronteiras

“Quando a vida é tão maquinada e tão controlada que até a sua arte é meticulosamente criada pra servir um propósito, que serve apenas a uns poucos, eu considero essa uma sociedade muito triste e sem talento. Então... A arte tem de imitar a vida. (...) Eu encorajo os Brasileiros a não aceitar isso. Há maneiras de você, sem violência, pacificamente, artisticamente, encorajar um ao outro pra se unir e destruir aquele sistema”, disse, mostrando que, definitivamente, a política tá em todas as coisas.

“Uma coisa que eu tenho a dizer a todos os artistas do Brasil é para se manifestar”, continuou. “Se não quer ficar falando porque ninguém gosta de ouvir sermão, crie sua arte, faça um número, uma escultura, um desenho, escreva uma história, dirija algo, performe algo que reflita quão feias as coisas estão nesse momento”. Pra ela, essa é a principal maneira de se mudar uma situação. “É este tipo de revide, por parte do povo, dos artistas, que acontece exatamente antes de quem está no poder perder o controle. E é aí que esta força controladora tenta uma última coisa, uma última tentativa superexagerada de se manter no controle, no poder. E aí eles são derrubados”, afirmou.

Vale pra um ministério, vale pra governos, vale pra vida.
Meus amigos... Que mulher.

A entrevista completa você confere no nosso especial de 50 anos de Star Trek. Sem Fronteiras estreia no Brasil dia 01 de Setembro.